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Colunista analisa argumentos de defensores e críticos de agrotóxicos

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Foto: Jean Pimentel (Arquivo Diário)

O embate sobre uso de agrotóxicos no Brasil virou quase uma guerra santa. Enquanto alguns agricultores acham que não há exageros e até aplicam os defensivos sem qualquer proteção pensando não haver riscos, há alguns críticos dos agrotóxicos que fazem terrorismo com o povo. Não há como proibir o uso desses produtos, pois é quase impossível produzir em grande escala ou a preços baixos de alimentos sem a utilização de defensivos.

Alguns críticos de agrotóxicos pegam o volume total comercializado no país e dividem pelo número de brasileiros e saem alardeando insanidades, como que "o brasileiro consome 7 litros de agrotóxicos por ano". Se fosse verdade, estaríamos mortos. Na realidade, esse é o volume per capita usado no país, mas não que ingerimos todo esse agrotóxico. Primeiro, pois boa parte da produção de soja e algodão é exportada. Em segundo, e principal, porque nem todo o agrotóxico aplicado é fixado no grão, além de que o defensivo tem prazo de carência, em que perde o efeito e não deixa resíduos no produto a ser consumido - se respeitadas as regras, parte deles até deixa, mas em níveis aceitáveis internacionalmente.

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Porém, nem 8 nem 80. Isso não significa que defendo livremente o uso de agrotóxicos - eles devem ser usados, mas com muito cuidado, enquanto não são achadas técnicas mais ecologicamente corretas para controle de pragas ou novas fórmulas mais seguras. Pesquisas respeitadas, com base em registros do Ministério da Saúde, apontam mais de 26 mil brasileiros tiveram intoxicações por agrotóxicos e 1,8 mil morreram entre 2008 e 2018 no país.

Há relação comprovada entre o uso de defensivos com o câncer e até má-formação em fetos. Por falta de conhecimento ou consciência, parte dos produtores não usa os agrotóxicos de forma adequada, não se protegendo ou não respeitando regras como prazo de carência e tipo correto do defensivo para cada cultura. Exemplo disso será debatido nesta quarta-feira, às 9h, no auditório do prédio 17 da UFSM. O tema será: "Uso de Mertin contrabandeado em lavouras de arroz pré-germinado. Quais as consequências para o produtor rural?".

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O evento, da Secretaria Estadual de Agricultura, junto com Ibama, UFSM e MP, falará de riscos do uso inadequado desse produto na tentativa de combater o caramujo nas lavouras de arroz da região. Segundo a fabricante Syngenta, o Mertin só pode ser usado em lavouras de sequeiro (feijão e algodão) para combater um fungo.Em ambiente aquático, é classificado como altamente persistente no ambiente, altamente bioconcentrável em peixes e altamente tóxico para organismos aquáticos tendo classificação ambiental "produto muito perigoso ao ambiente". Devido à constatação de que ele vinha sendo usado, em 2014, de forma inadequada em lavouras de arroz da Quarta Colônia, a Justiça mandou a Syngenta tirar o produto do mercado gaúcho, mas ele passou a ser contrabandeado do Uruguai.

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